Marcelino Sambé

Marcelino Sambé bailarino principal da Royal Ballet
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14 de Junho, 2019 0 Por Maria da Luz Pinheiro
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Também o tempo torna tudo relativo.

Este artigo foi inicialmente publicado há mais de 3 anos - o que em 'tempo Internet' é muito. Pode estar desatualizado e pode ter incongruências estéticas. Se for o caso, aceita as nossas desculpas.

Marcelino Sambé

 

Marcelino Sambé, o jovem que a revista Forbes considerava já motivo de destaque na sua lista 30 jovens Europeus com menos de 30 anos passará a atuar como bailarino principal na temporada 2019-2020 da Royal Ballet.

É para nós um motivo de orgulho, ver um português extraordinário a ser reconhecido e a levar a dança clássica a um patamar internacional. Em entrevista ao Observador no ano passado, Marcelino Sambé frisava, que lamentava a pouca preponderância da dança clássica em Portugal. Múltiplos são os bailados que a Companhia Nacional de Bailado apresenta, no entanto, a grande maioria deles foca a dança contemporânea, deixando o panorama clássico para as companhias internacionais que vêm a Portugal com os usuais blockbusters Quebra Nozes, Bela Adormecida, etc.

Marcelino Sambé estudou na escola do Royal Ballet, após ter vencido o Prix de Lausanne do qual recebeu uma bolsa de estudos e por lá ficou desde os dezasseis anos, vindo a ascender na carreira ao longo do tempo.

Marcelino Sambé

Prix de Lausanne 2010 Finals Classical Variation Marcelino Sambe

Sempre trabalhando arduamente, atingiu o estrelato na cidade que é para ele o epicentro da dança clássica. O que não deixa de ser curioso, porque a maioria de nós, pensa na Rússia e nas suas grandes companhias (Ballet Bolshoi entre outras) como o local ideal para evoluir nos estudos a um nível de excelência, reconhecendo uma maior liberdade formal e um grande apoio às artes performativas a todos os níveis.

Na entrevista ao Observador em 2018, reconhece o que todos nós acreditamos ser óbvio, que em Portugal falta um investimento maior nas artes, para que a fasquia seja mais elevada nas várias áreas artísticas.

Estamos certos que continuará a conquistar grandes palcos com a Royal Ballet em Londres, e o facto de vermos Portugal tão bem representado na dança não podia ser melhor estimulante.

No entanto, a sua ascensão a bailarino principal serve também para nos lembrar de alguns aspetos importantes ao nível da dança. O Conservatório de Dança dá ótimas bases de dança, sem dúvida alguma, Sambé reconhece-o também. Ainda assim há muito a fazer em Portugal para que a dança clássica fique equilibrada face à contemporânea. Até porque a dança clássica é a base da contemporânea, como tal será sempre necessário um ensino sólido de ambas. É fundamental fomentar o investimento e mecenato na esfera clássica. E isso passa por educar as pessoas indicadas e o público em geral. A presença de Sambé como bailarino principal permite mostrar aos pessimistas que defendem que Portugal não tem bons artistas. Eles existem e em todas as áreas, mas precisam de ser apoiados e para que o sejam, as estruturas de estudo e trabalho têm de estar bem fomentadas e preparadas de modo a permitir o desenvolvimento destes.

Marcelino Sambé

The Nutcracker Act I pas de deux (Anna Rose O’Sullivan, Marcelino Sambé of The Royal Ballet)

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Ficamos a aguardar ansiosamente os seus próximos passos, convictos que vai continuar a causar sucesso e a encher salas. Regozijamo-nos com a possibilidade de vir, num futuro próximo, a, apreciá-lo num dos muitos palcos portugueses. Até lá, Marcelino Sambé continuará a provar-nos que tudo é possível com trabalho, dedicação e acreditando nos nossos sonhos.

 

Veja no YouTube a prestação de Marcelino Sambé no Prix de Lausanne 2010 Finals Classical Variation


 

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Licenciada em História de Arte pela Faculdade de Letras de Lisboa. Apaixonada por histórias contadas na imagem, literatura do século XIX e artes decorativas. Defensora da liberdade no mundo da arte.

Jaime Roriz Advogados Artes & contextos