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Universos Paralelos
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1 de Março, 2016 0 Por Rui Freitas
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Também o tempo torna tudo relativo.

Este artigo foi inicialmente publicado há mais de 7 anos - o que em 'tempo Internet' é muito. Pode estar desatualizado e pode ter incongruências estéticas. Se for o caso, aceita as nossas desculpas.

Às quatro da tarde do dia 25 de fevereiro, a mais recente criação da companhia mala voadora subiu ao palco da Sala Garrett do Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa, para a apresentação à imprensa.

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Universos paralelos, com texto e encenação de Jorge Andrade, é um espetáculo de teatro atípico, logo ousado, onde o audiovisual assume claramente o papel de ator principal. Ao longo de pouco mais de 75 minutos o vídeo e a interpretação humana contracenam em paralelo e em simultâneo, numa interessante e intrigante coabitação.
Conforme se vai desenrolando a trama, o público é impelido a questionar a veracidade daquilo que vê, pairando no ar a questão: o que é real? O que é real é que três seguranças chegam ao seu novo local de trabalho, onde começam a visionar os trabalhadores de uma empresa através de câmaras de vigilância. E nada corre bem. Tudo isto se passa numa empresa que produz mundos semelhantes ao nosso, mas paralelos, para fazer experiências que permitam que, num futuro próximo, o nosso mundo passe a deixar de precisar de seguranças e vigilância humana.

Universos paralelos IINo final do ensaio geral, Artes & contextos teve dois dedos de prosa com o encenador, que com prontidão assumiu que o público-alvo da peça são os adolescentes e aqueles que com eles convivem. Claro que isso não exclui, de maneira nenhuma, nenhum curioso, interessado ou simplesmente apreciador das artes cénicas.
Porquê esta faixa etária e não outra? Essencialmente, porque estamos numa sociedade em que o digital imiscuiu-se de tal maneira no real que as fronteiras entre estes dois mundos simplesmente esbateram-se. “Estas fronteiras tornaram-se tão ténues, se não inexistentes, que faz todo o sentido refletir sobre este fenómeno”, considera João Andrade.
No caso dos mais jovens, cuja esmagadora maioria é adicta confessa das novas tecnologias, sobretudo dos smartphones, convém desafiá-los a questionarem a veracidade e a autenticidade daquilo que lhes é apresentado: o que veem e leem é realmente real ou um produto muito bem conseguido? Daí as tais entidades digitais sobre a qual se debruça a peça e que visam em primeira e última instância “erradicar todo o resto de humanidade que ainda temos no nosso interior”.
Em cena até 6 de março, com sessões para o público escolar, de quarta a sexta, e para famílias, ao sábado e domingo, Universos paralelos é uma chamada à qual devemos atender, mais não seja porque não é todos os dias que temos a oportunidade de assistir a uma peça de teatro nestes moldes.

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Jornalista, Diretor. Licenciado em Estudos Artísticos. Escreve poesia e conto, pinta com quase tudo e divaga sobre as artes. É um diletante irrecuperável.

Jaime Roriz Advogados Artes & contextos