Fica no Singelo

Fica no Singelo
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11 de Outubro, 2015 0 Por Rui Manuel Sousa
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Também o tempo torna tudo relativo.

Este artigo foi inicialmente publicado há mais de 8 anos - o que em 'tempo Internet' é muito. Pode estar desatualizado e pode ter incongruências estéticas. Se for o caso, aceita as nossas desculpas.

Fica no Singelo

Num espetáculo de dança a música é uma componente obrigatória e neste caso é a música tradicional portuguesa que serve de motivo e inspiração. A coreografia aborda os seus movimentos e ritmos de forma contemporânea e um corridinho algarvio, um vira ou uma valsa mandada alentejana servem de pretexto para evocar de forma original alguns rituais e convenções das danças tradicionais.

Fica no Singelo 2a

As rodas, os pares, as trocas de pares, as pausas e movimentos são os lugares, as gentes e a expressão da cultura popular pelo corpo e pela alma sonora. Da apatia ao êxtase bailarinos e tocadores oferecem ao público o sentimento artístico da sua interpretação que identificamos como a relação interior e individual de cada um sendo o espectáculo final o fruto da interacção e exteriorização dessas mesmas relações. A constante relação do adereço musical com a coreografia remete-nos para um tempo em que não havia dança sem instrumentos e tocadores presentes e em que a dança tinha um papel bastante mais importante nas relações pessoais entre indivíduos. Para além da coreografia, as vozes, as percussões tradicionais, a sanfona, a braguesa, o bandolim e a concertina, ou seja tudo o que os bailarinos e tocadores podem oferecer, há também uma base sonora programada e um desenho de luzes cujo papel é fundamental na colagem e corporização do tempo do espetáculo. Encontramos durante o espetáculo coisas tão díspares como a tradição oral na interpretação da canção açoriana A Vida do Caracol, uma interpretação avant-garde do corridinho algarvio, um momento cómico baseado em lengas-lengas e trava-línguas e um outro inesperado com a própria Clara Andermatt sentada numa cadeira a tocar gaita-de-foles com movimentos corporais bruscos e cadenciados terminando visivelmente cansada a dizer:

– “Isto? É uma gaita!”

Fica no Singelo 6

No final do espetáculo somos convidados a participar num baile onde podemos ensaiar alguns dos passos usados no espectáculo.

“O nome deste espectáculo “Fica no Singelo” é inspirado num dos passos das valsas mandadas tradicionais do Alentejo litoral chamado “Singelo”, é o passo base que inicia a valsa e onde se volta sempre depois de executado qualquer outro passo que o mandador ordene. “

Ficha técnica

Intérpretes criadores:
André Cabral, Bruno Alves, Francisca Pinto, Joana Lopes, Linora Dinga, Sergio Cobos, Catarina Moura, Luís Peixoto e Quiné Teles

Direcção e coreografia:                     Clara Andermatt
Direcção musical:                          Luís Pedro Madeira e Clara Andermatt
Composição:                                             Luís Pedro Madeira
Desenho de luz:                                      José Álvaro Correia
Figurinos:                                                   José António Tenente
Paisagem sonora electrónica:       Jonas Runa
Produção:                                                   Companhia Clara Andermatt
Parceria:                                                    . Pé de Xumbo
Apoio:                                                            Musibéria
Consultadoria e pesquisa antropológica:    Sophie Coquelin
Reportório de danças tradicionais:                Mercedes Prieto e Ana Silvestre

Co-produção: Culturgest, Teatro Nacional São João, Teatro Viriato e Centro Cultural Vila Flôr

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No baile

Mandadora :         Ana Silvestre ou Mercedes Prieto
Músicos :                 Sergio Cobos, Luís Peixoto e Quiné Teles

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Diretor Adjunto em Artes & contextos

Musico, entusiasta de cordofones que gosta de falar de música, da sua alquimia e do seu indelével sentido cultural.

Jaime Roriz Advogados Artes & contextos