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Conversa com Sérgio Santos
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20 de Abril, 2016 0 Por Bruno Freitas
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Também o tempo torna tudo relativo.

Este artigo foi inicialmente publicado há mais de 7 anos - o que em 'tempo Internet' é muito. Pode estar desatualizado e pode ter incongruências estéticas. Se for o caso, aceita as nossas desculpas.

Sérgio Santos

 

 

… despertou para as tatuagens quando por volta dos dez anos viu o emblema do super-homem tatuado no braço de um amigo do irmão. Percebeu que também queria ter “uma” tatuagem. Fez a sua primeira aos 20 anos e nessa altura percebeu que não ficaria por aí. Tinha uma atração à parte mais fora da sociedade e começou a perceber que as tatuagens faziam essa ponte.

Agradava-lhe a imagem de outlaw, de estar fora, não ter que responder por nada, não seguir os estereótipos. – Sempre me senti um bocado assim – confessa. 
Quando aos 22 fez a segunda, deu um passo mais adiante e decidiu que queria ele próprio ser tatuador, mas tinha um problema: não sabia desenhar.

 

Sérgio. Santos – Havia uns “gajos” no meu bairro que tinham tatuagens das antigas, feitas com agulhas e andavam ligados à “bandidagem” e eu embora nunca tenha enveredado por aí, sempre me atraiu a ideia de sair da linha, de não andar como a maioria anda.

 

Nunca ligou a tatuagem a géneros musicais, mas essa maneira de pensar aproximou-o de um estilo mais pesado e violento como o metal, e embora não seja violento sentia-se atraído, e além disso tinha um gosto inato pelo negro.
A mãe obrigava-o a ir à missa, e a resposta adolescente foi a busca do satanismo e da sua simbologia, como as cruzes invertidas. Deixou-se disso. Mas continua a não se rever nesta sociedade e, “naquilo que acredito”, diz, “a maior parte das pessoas não acredita.” Acredita no respeito e no equilíbrio e que baseando-se as relações no respeito, qualquer pessoa consegue viver tranquilamente.

Faz questão em não ser considerado inserido nesta sociedade e se faz alguma influência que seja só no “sê como queres” e “respeita os outros, não obrigues ninguém a ser como tu”. Afirma que sempre teve e mantém uma certa necessidade de perceber de onde veio e para onde vai.

A igreja não lhe deu respostas, os pais não lhe deram respostas, a sociedade não lhe deu respostas, foi procurá-las àquilo que não se vê no dia-a-dia.
Não gosta de confrontos e sente que tudo por que que passou na vida moldou aquilo que é, e sabe que o muito por que passou (“e ainda bem que passei”), o ajudou a perceber o mundo e a ser melhor ele próprio.

 

Sergio Santos

Sergio Santos

 

Rui Freitas. – “O que é” o Sérgio Santos?

S.S. – Sou Tatuador. (Risos) Tenho a noção que tenho uma figura um pouco inacessível, (risos) mas isso são preconceitos.

Tenho muita dificuldade em fazer amigos; sou muito retraído; sei que projeto uma imagem de muita confiança quando muitas vezes sou inseguro. Desde que sou tatuador retraio-me ainda mais, porque de um momento para o outro aparecem pessoas que não via há muito tempo e mesmo familiares e como agora sou tatuador, aparecem. Eu fico logo desconfiado.

Bruno Freitas – Quais são os teus hobbys?

S.S.- Gosto de trabalhar madeira, passeio com a minha cadela e passo o tempo livre com a minha namorada Marina, que me tem dado todo o amor, carinho e apoio de que tenho precisado.

B.F. – Livros

S.S.- Deixei de ler desde que tatuo, mas gostava de história, de exoterismo, alquimia, culturas alternativas e tenho um certo gosto pelas teorias da conspiração (risos). A dada altura interessei-me pelo revisionismo que é uma questão muito sensível.

B.F. – Música

S.S.- Em música oiço muita coisa diferente. Posso estar a ouvir beethoven de manhã e black metal depois de almoço com o mesmo gosto. Gosto muito de Drone Music e de Dark Ambiente Music. A minha preferida nesta onda é Lustmord.

B.F. – Gostas mais do antigo ou do recente?

S.S. – Do antigo.

 

Não se considera um artista. Só começou a desenhar para tatuar e não desenha sem motivo. Mesmo quando está a desenhar por improviso a fazer “rabiscos” está a imaginar uma tatuagem, mas não desenha como gostaria, embora lute para melhorar e saiba que vai melhorar, assim é o crédito que dá à sua persistência e empenho.

Dá o mais alto valor ao respeito pelos outros, a aceitação dos gostos e do modo de vida que cada um escolhe, desde que, claro, respeite os outros. Não aceita que ninguém “faça a cabeça” de ninguém e quando fez a primeira tatuagem no pescoço, foi o “murro na mesa”. Decidiu então que se por ser tatuado, usar brincos e ter a barba grande, não fosse aceite em empregos “melhores” de bom grado trabalharia nas obras ou em qualquer coisa mas iria ser sempre como é.

Mas embora não tenha necessitado, já que em 2011 abriu o seu próprio estúdio, o Blood Oath Tattoos, (desde 2020 – Tattoos by Sergio Santos (no Facebook) e Viadolorosa Privete Tattoos)  continua a pensar exatamente da mesma forma.
Deixou de achar que o mundo estava contra ele, quando percebeu que cada um de nós tem os seus problemas e cada um de nós define aquilo que é e a forma como os outros o tratam, que escolhe os ambientes em que se insere e as pessoas com quem lida.

 

Conversa com Sérgio Santos Artes & contextos Tatuagem de Sergio Santos iii

Arte de Sérgio Santos

 

B.F. – Olhando hoje para o que tu desenhas, não diria que em alguma altura não soubeste desenhar.

S.S. – Se alguém há cinco anos me dissesse que eu iria estar como estou hoje aqui com este estúdio e a fazer o que eu faço, honestamente não acreditava. Quando em 2002 me comecei a tatuar mais, e decidi tatuar, não avancei logo, não sabia desenhar e como estava decidido a fazer as coisas como deve ser, comecei a pesquisar e a comprar livros. Empenhei-me a 100% a procurar a melhor maneira de começar, já que estava decidido que era o que eu queria.

Como sou muito exigente comigo, próprio, percebi que não tinha o essencial, mas sabia que era capaz e então comecei a estudar e a praticar. Comecei a desenvolver o desenho e comprei o primeiro material por volta de 2006, para começar a tatuar peles artificiais e pele de porco.

Depois houve uma época que estive parado porque as tatuagens que eu fazia eram muito simples, carateres chineses, letras e assim do género e como não havia tatuagens todos os dias, decidi fazer uma aprendizagem mais séria e tentar aprender com alguém. Eu sabia que era uma coisa que fazia parte de mim mas ainda não estava lá.

Aí fiquei um bocado desmotivado porque percebi que ia ser difícil já que toda a gente me fechava a porta. Neste mundo muito dificilmente se dá a mão a alguém até porque ninguém quer que todo o curioso comece a tatuar.

 

Conversa com Sérgio Santos Artes & contextos Tatuagem de Sergio Santos

Tatuagem de Sérgio Santos

 

Mas já tinha a certeza que era o que queria e então procurou até que o amigo João Roque disse ao João vieira, (ou João Motão) que o Sérgio procurava quem o ensinasse. Foi vê-lo a Sintra no BangBangTattoo Studio e passadas umas semanas o João telefonou-lhe a informá-lo que o aceitava como aprendiz, no seu Lucky Thirteen Tattoo Studio em Quarteira. Não pensou duas vezes, fez as contas a quanto dinheiro conseguia e começou a ir 2 dias por semana, até que ao fim de 6 meses mudou-se para o Algarve.

Passados cerca de 10 meses saiu percebendo que não se pode ensinar tudo. Era ele que iria fazer as suas tatuagens, era ele que tinha que ter em si aquele querer, aquele espírito e o respeito pela tatuagem, ou então não conseguiria. A alternativa seria ser mais um “gajo” que faz tatuagens, não um tatuador.

R.F. – Não basta saber tatuar, nem sabendo desenhar.

S.S. – Não. Há pessoas que fazem tatuagens bonitas porque desenham bem, mas não é por isso que são tatuadores, apenas fazem tatuagens. Depois há aqueles que não se preocupam em fazer o melhor trabalho ao cliente não estudam para tentar evoluir, dizem mal dos outros tatuadores são os scratchers não se preocupam com a higiene não estudam a tatuagem só o fazem pelo dinheiro. Hoje a tatuagem já saiu do estigma do fora da lei e tornou-se uma coisa muito séria e é preciso levá-la a sério. Hoje na tatuagem ou te destacas mesmo ou estás “lixado”. Eu ando a tentar destacar-me.

B.F. – Qual foi a primeira tatuagem que fizeste?

S.S. – A primeira foi em mim próprio e ia fazendo coisas simples, que era isso que aconselhavam os livros e na informação que encontrei.

 

Conversa com Sérgio Santos Artes & contextos sergio santos a tatuar ii

Sérgio Santos a tatuar

 

B.F. – Qual foi a primeira tatuagem de que tu tiveste medo?

S.S. – Foi uma estrela no cotovelo e estive quase para recusar porque tinha medo de falhar. Mais recentemente foi na primeira convenção que fui. Estava muito nervoso e sinto-me mal sendo o centro das atenções, ter a atenção de várias pessoas toda virada para mim.

R.F. – Não achas que há muitas pessoas que fazem uma tatuagem e ao fim de seis meses estão arrependidos?

S.S. – Há. Eu já fiz tatuagens a pessoas que uns tempos depois (2, 3 anos) vêm ca pedir para tapar com outra porque já não gostam. Há pessoas que pedem para tatuar o nome da namorada, ou do namorado. Eu desaconselho e respondem-me “se eu me arrepender vou ao laser”… não sabem se calhar que para remover a laser uma tatuagem, custa mais 4 ou 5 vezes do que fazê-la

B.F. – E o laser retira mesmo?

S.S. – Retira se for feito por quem sabe e com uma boa máquina sim. Mas já há curiosos que retiram tatuagens com lasers do chinês ou com máquinas portáteis de depilação por exemplo e depois claro ficam cicatrizes.

B.F. – Já te apeteceu dizer a alguém: “não faças essa tatuagem” ou “não faças tatuagens”?

S.S. – Eu até sou mais radical, há pessoas que me pedem para fazer tatuagens que eu tenho a sensação que estou a dar pérolas a porcos. A questão é que eu tenho que pagar as contas. E detesto os regateadores (risos). Os regateadores querem tatuagens da moda, tatuagem só para ter e querem pagar pouco e às vezes chega a ser ofensivo estarem a regatear um preço de 60 ou 70€ por um trabalho e depois estarem a falar de um telemóvel de 600 ou 700€

R.F. – Há preocupações com originalidade, ou significados pessoais?

S.S. – Hoje tenta-se criar originalidade mas a maioria dos clientes não está preocupado em ter uma peça original nem artística, ou com o trabalho e a qualidade do tatuador, quer é ter uma tatuagem. Quando uma pessoa escolhe uma tatuagem pessoal o significado não me interessa nada mas há pessoas que acham que têm que explicar ao tatuador que é porque o gato morreu ou qualquer outra coisa e não têm. Há algumas tatuagens que pode ter interesse saber mas é no sentido de perceber melhor o que se deve fazer ou como.

R.F. – E símbolos associados a tatuagens?

S.S. – Hoje em dia, na contemporânea, não há significados importantes, poucas têm como as tribais Maori, africanas e no old school há algumas que têm sim, mas hoje muito pouco. Por exemplo há tatuagens que ligam a gangues como armas, ou carros. Eu na Dinamarca fiz muitas tatuagens relacionadas com dinheiro, cifrões maços de notas, mas era tudo pessoal que se achavam bandidos.

R.F. – E superstições?

S.S. – Há quem diga que dá azar número ímpar outros que dá azar número par, mas tirando isso não conheço nenhuma superstição a sério.

B.F. – Depois há as modas

S.S. – Eu não tenho problemas nenhuns em fazer tatuagens da moda, daquelas que toda a gente faz porque uma vedeta qualquer usa, ou tatuagens pequenas – há tatuadores que recusam tatuagens pequenas – eu acho que estando aqui num estúdio, todas as pessoas merecem respeito e se quiserem tatuagens pequenas sejam tatuagens pequenas, porque há pessoas que o seu gosto é assim nem toda a gente tem a mesma linha nem o mesmo limite não querem fazer tatuagens grandes seja pelo que for.

A tatuagem não tem que ter um significado. Pode ter, mas nem todas têm que ter. Uma tatuagem pode ser feita meramente por gosto. A tatuagem pode ser meramente estética, não há mal nenhum desde que a pessoa saiba o que está a fazer tenha respeito pelo trabalho pelas indicações do tatuador, que veja que é uma obra de arte…

 

Arte de Sérgio Santos

Arte de Sérgio Santos

 

R.F. – Tens noção da contradição que é dizeres que produzes obras de arte mas não és artista.

S.S. – (Risos, muitos) é pá, eu sei… (risos) mas não me peças para explicar…

R.F. – Tatuagens que não gostas de fazer?

S.S. – Não gosto de fazer tatuagens tribais porque para mim não representam nenhum desafio. Tirando as maoris que são um pouco geométricas, agora aquelas que apareceram nos 80 é fazer a linha e encher chouriços, mas no entanto faço sempre o melhor que sei e tento percebê-las, vendo o trabalho do Leo Zulueta. Eu aceito toda a gente. Quem aqui entrar com respeito, será respeitado, o que eu aqui faço é trabalho, não faço avaliações nem juízos. Nem politica nem seja o que for, aqui uma tatuagem é só uma tatuagem.

 

Não o tem como ambição, mas gostava de chegar a um ponto em que pudesse recusar fazer algumas coisas. Uma tatuagem é uma coisa quase sagrada, diz, e no fundo incomoda-o que uma pessoa banalize a tatuagem, que faça uma tatuagem só porque o cantor x ou o amigo y tem uma igual.

Gostava de ter um estúdio privado, de porta fechada. Só atendia quem quisesse com marcações pelo telefone, ou por amigos, mas escolhia quem queria atender. Por outro lado reconhece a necessidade de mostrar às pessoas que podem vir, que um estúdio de tatuagem não é um culto secreto que não está aqui ninguém a portar-se mal. Assevera que se algum dia chegar ao ponto de poder recusar trabalhos, fá-lo-á pelas pessoas ou pela forma como se apresentem, (volta sempre ao respeito) pela forma de estar e não pelo tipo de trabalho.

 

B.F. – Compararias um tatuador com um grafiter?

S.S. – Não,… mas talvez na parte da expressão,… talvez sim, tem um ponto de contacto, ambas não são aceites, são formas de expressão marginais, são formas de exprimir sentimento social, mas a tatuagem implica um sentido de responsabilidade maior. Um grafiter pinta a parede, se não gosta, passa por cima a tatuagem é permanente.

Além disso, o tatuador toca na pessoa de uma forma íntima, pouca gente toca nos outros desta forma e isso faz com que se crie uma ligação um bocado forte. Há pessoas que fazem das sessões de tatuagem quase uma consulta de psicologia e isso esgota-me um bocado, e depois fora daqui, não tenho espaço nem disponibilidade para lidar com os problemas dos outros, tenho o meu espaço para a minha namorada, para o meu filho, para algumas pessoas da minha família e só.

B.F. – Achas que no preconceito da tatuagem nas empresas somos muito atrasados ou é mais ou menos assim em toda a Europa?

S.S. – Não, nós somos muito atrasados. Do conhecimento que eu tenho pelo menos, por exemplo nos países nórdicos vês muita gente tatuada por exemplo nos bancos, polícias etc. Eu estive na Dinamarca a tatuar um mês e tatuei muitas pessoas com mais de 50 anos com tatuagens grandes, e aqui é raro a pessoas dessas idade e quando fazem, só fazem tatuagens pequeninas e escondidas. Tem a ver com a barreira social e nós temos um grande peso da igreja. Embora sejamos um país que se diz laico a verdade é que algo que a igreja desaprove fica logo um bocado mal visto.

Cá, por exemplo conheço quem fosse despedido de uma creche onde as crianças o adoravam porque tinha tatuagens e as crianças começaram a fazer desenhos na pele em casa; eu já fui a reuniões à escola do meu filho, onde à porta da sala onde eu vou falar com a professora fica um ou dois empregados, como se eu fosse fazer mal a alguém; nalguns sítios sento-me e as pessoas mudam de lugar.

Mas no meu caso ser vítima destes preconceitos pode ter sido bom porque ajudou-me a perceber que eu próprio tinha alguns preconceitos, o que não é nada bom e não faz sentido.

R.F. – E nota-se muita diferença em Portugal dos grandes centros para o interior?

S.S. – Vê-se, mas fiquei muito surpreendido com o Algarve, pensava que era uma zona mais livre de pensamento e surpreendi-me. Eu por exemplo estive lá um ano e pelas tatuagens que tenho não consegui arranjar trabalho, nem para um armazém.

R.F. – A tatuagem está em crise?

S.S. – Não está muito bom, porque quem quer muita qualidade e está informado, procura os melhores, quem não tem muita exigência tem a vida facilitada porque cada vez há mais pessoal a fazer tatuagens. Apesar de tudo, desde que abri o estúdio tenho vindo sempre a crescer.

 

Conversa com Sérgio Santos Artes & contextos Tatuagem de Sergio Santos iv

Arte de Sérgio Santos

 

R.F. – Mas fazem-se mais tatuagens?

S.S. – Sim porque cada vez há mais pessoas a perder o medo do preconceito social, até pessoas mais velhas. Por outro lado há cinco anos atrás faziam-se tatuagens maiores hoje a maioria são médias e pequenas. Mas todo o cliente ou quase, volta para fazer mais uma, mesmo aqueles clientes das coisas pequenas voltam para fazer outra pequena.

R.F. – Gostavas de tatuar os teus pais?

S.S. – Já tatuei a minha mãe.

R.F. – E o que é que o teu pai achou?

S.S. – Riu-se

B.F. – Se te aparecesse aqui alguém a pedir para fazer uma tatuagem num cão, fazias?

S.S. – Não. Nem pensar. Agora por exemplo ando numa luta interior que me leva a reduzir muito e cada vez mais o consumo de carne e penso mesmo se vou continuar a comer carne. Abomino qualquer tipo de comportamento violento para com um animal.
A partir do momento em que obrigas outro ser vivo a vergar-se à tua vontade estás a ser cruel. A não ser que se trate de extrema necessidade, por exemplo para defenderes a tua vida, ou se tiveres que comer, aí acho que não estou a fazer nada errado. Tatuar animais é antes de mais infligir-lhes dor sem qualquer necessidade e isso é sempre uma brutalidade

B.F. -Então há uma tatuagem que te recusas a fazer.

Mas há mais. Miúdos dos 16 aos 18 anos só tatua mediante a autorização dos pais, com a assinatura em sua presença (não dá para levar para casa e trazer assinado) de um documento onde especifica o desenho que vai fazer e em que zona do corpo. Nestas idades não tatua o pescoço, nem as mãos nem a cara, nem mediante a autorização, só em zonas escondidas porque como diz, “são muito novos e há pessoas com 30 que se arrependem quanto mais com 16”. Com menos de 16 não tatua ninguém nem mediante pedido expresso dos pais.

Num mundo ideal só tatuaria alguém quando tivesse a certeza de que esse cliente tem consciência, consistência mental e a certeza de que quer mesmo a tatuagem, e aquela tatuagem.

A & c – Pena de morte ou Prisão Perpétua?

S.S. – Pena de morte, nalguns casos.

A & c – Greenpeace, ou Médicos sem Fronteiras?

S.S. – Médicos sem Fronteiras.

A & c – Pôr-do-sol na praia, ou nascer-do-sol na montanha?

S.S. –  Nascer-do-sol na montanha.

A & c – Acreditas na sorte?

S.S. – Já acreditei

A & c – E nos signos?

S.S. – Eu acredito que tudo o que nos envolve nos influencia. Portanto acredito que toda aquela energia da lua dos astros que nos envolve faz algum efeito. Acredito que estamos todos ligados e acredito que em parte temos o nosso destino, mas também somos nós que o fazemos.

A & c –Flores ou bombons?

S.S. – Flores.

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A & c – Obrigado por esta conversa.


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Autor

Live it, Love it, Rock it! Escreve sobre Música e Músicos.

Jaime Roriz Advogados Artes & contextos