Faust
Foto em destaque: Ruben Amoretti e Mário Bahg em Faust, © Antonio Pedro Ferreira
A Ópera em 5 atos FAUST com música do compositor francês Charles Gounod sobre texto de Jules Barbier e Michel Carré, baseada no poema de Goethe produzida em 1859 em Paris e cantada no Teatro Nacional de São Carlos pela última vez há 13 anos, voltou agora a ser representada. Trata-se de uma ópera que desde sempre, tem tido o maior sucesso, sendo até traduzida em 25 línguas!
A lenda do Dr. Faust teve a sua origem na antiguidade, imortalizada pelo escritor e poeta Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832), sendo a presente ópera baseada no episódio dos amores entre Faust e Margarida, do poema de Goethe e não fazendo parte de uma outra lenda, a de um viandante, que viveu na Alemanha e vendeu a alma ao diabo em troca da renovação da sua juventude. Este assunto dará origem a diversas óperas entre elas, de compositores como Spohr(1816) e Busoni(1925).
O chamado, drama trágico, a Ópera Faust (Fausto), inicia-se com um prelúdio e uma curta fuga, tocados pela orquestra do Teatro, muito bem dirigida pelo Maestro Antonio Pirolli (residente do São Carlos), ouvindo-se a melodia que será cantada no 2º Ato, por Valentin, o barítono português André Baleiro. O cantor é dotado de bom volume, amplo e com boa projeção de voz, mas gostaríamos que o timbre soasse mais melodioso e com tonalidade musical, mais subida.
1º Ato – Ao levantar da cortina vemos um Fausto envelhecido e meditabundo, expressando sentimentos lúgubres e de morte, interpretado pelo Tenor ligeiro, sul coreano Mario Bahg, com carreira internacional. Bahg, canta a aria Maudite Soit Vous e aparece Méphistophélès (o diabo), cantado pelo baixo espanhol Rúben Amoretti – um caso insólito de alteração radical do timbre vocal no mundo do canto lírico (leia aqui) – que vai oferecer e garantir a Fausto tudo o que aquele desejar, desde a riqueza, dinheiro e poder, e sobretudo a ansiada juventude, em troca de um pacto assinado de venda da sua alma, ao manfarrico.
No 2º Ato, num duelo entre Valentin, o irmão de Margarida e Méphistophélès, este acaba por matar Valentin, que ainda consegue reunir os pedaços da espada cobrada e, mostrar uma cruz, a um diabo horrorizado, que se escapa.
O 3º Ato, o de Margarida, vemos uma humilde casinha, perante a qual Fausto vai cantar a belíssima e famosa aria: Salut Demeure Chaste et Pure. O tenor Mario Bahg, interpreta corretamente, embora gostássemos de uma voz mais lírica, e que recordamos maravilhosa de outro Tenor: Jussi Bjorling (já desaparecido).
Entretanto Margarida aparece com um cofre de joias e encantada, canta La Ballade du Roi de Thule e a Aria das Joias mais conhecida no reportório de um soprano lírico. Irina Lungu, já nossa conhecida, deu-nos uma versão esplendida, com timbre cheio e musical perto da perfeição, a melhor interprete desta produção!
Faust apaixona-se perdidamente por ela, e Margarida cai nos seus braços.
No 4º Ato – Vemos Margarida ao tear.
5º Ato e último – Noite de Walpurgis, vemos Méphistophélès, a mencionar as beldades históricas: Cleopatra, Laïs, Helena de Tróia. Na 2ª Cena com Margarida na prisão, devido a, num ato de loucura, ter morto o seu filho, ouvimos um coro celestial de anjos e a ópera termina.
O encenador Romero Mora, de Las Palmas, deu-nos uma encenação algo esquemática e simples, com figurinos de fin de siècle e cores sombrias.
Faust, de Charles Gounod
Libreto de Jules Barbier e Michel Carré, segundo a peça de Carré Faust et Marguerite,
baseada em Faust (Parte I) de Johann Wolfgang von Goethe
Direção Musical Antonio Pirolli
Encenação Alfonso Romero Mora
Cenografia Ricardo Sánchez Cuerda
Figurinos Claudio Martín
Desenho de vídeo Philipp Contag-Lada
Faust Mario Bahg
Marguerite Irina Lungu
Méphistophélès Rubén Amoretti
Valentin André Baleiro
Siebel Cátia Moreso
Marthe Patrícia Quinta
Wagner Luís Rodrigues
Coro do Teatro Nacional de São Carlos
Maestro titular Giampaolo Vessella
Orquestra Sinfónica Portuguesa
Maestro titular Antonio Pirolli
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Melómano e cinéfilo inveterado com décadas a ver e ouvir o que de melhor foi e é Produzido e Realizado no Cinema, Teatro e Canto Lírico.