Propaganda Animada Soviética
Ao crescermos, recolhemosa a nossa visão do mundo a partir de várias fontes diferentes: pais, irmãos, colegas de escola. Mas para a maioria de nós, nada de onde e quando passamos os nossos anos de formação, moldou de forma tão vívida e tão profundamente as nossas primeiras perceções da vida, como os desenhos animados – e isto é exatamente como Lenin sabia que deveria ser.
“Com a criação da União Soviética em 1922,” escreve o crítico e cinema do New York Times Dave Kehr, “Lenin proclamou o cinema a mais importante de todas as artes, presumivelmente pela sua capacidade de comunicar diretamente com as massas oprimidas e amplamente analfabetas”.
Lenin certamente não excluiu a animação, que assumiu de imediato o seu papel na máquina de propaganda soviética: Soviet Toys, o primeiro filme de desenhos animados feito na U.R.S.S., estreou apenas dois anos depois.
Foi realizado por Dziga Vertov, o inovador cineasta mais conhecido pelo filme de 1929 “Um Homem com uma Câmara de Filmar, uma emocionante articulação das possibilidades artísticas do documentário. Vertov é talvez a figura mais representativa dos primeiros anos do cinema soviético, em que os limites políticos apertados permitiam, no entanto, uma liberdade de experimentação artística limitada apenas pela habilidade e imaginação do cineasta.
Isto mudou com os tempos: a década de 1940 viu a elevação de animadores habilidosos, mas co espírito ocidental como Ivan Ivanov-Vano, a quem Kehr chamou “Disney Soviética”.
Essa etiqueta é bastante adequada, uma vez que um curta Ivanov-Vano como Someone Else’s Voice de 1949 “poderia facilmente passar por uma Silly Symphony, da Disney” se não pelo “tom ameaçador” não-disney (Não que a Disney não pudesse propagandear-se de forma sombria.)
Com a sua pega que “regressa de um voo ao estrangeiro e se aventura a gorgear algumas das músicas de jazz que ouviu nas suas viagens” apenas para que “os pássaros campónios do coração da floresta desçam e lhe arranquem as penas”, Someone Else’s Voice conta uma história mais alegórica do que a maioria das curtas reunidos nesta playlist de animação de propaganda soviética.
As seleções da playlist vêm da coleção Animated Soviet Propaganda: Da Revolução de Outubro à Perestroika. “Os operários são fortes, nobres, e de carácter genérico,”, escreve a Tasha Robinson do A.V. Club. “Os capitalistas são gordos, porcos fumadores de charutos e os estrangeiros são caricaturas feias, semelhantes às vistas na propaganda da Segunda Guerra Mundial Americana.” Com o seu forte “pendor anti-americano, anti-alemão, anti-britânico, anti-japonês, anti-capitalista, anti-imperialista e pró-comunista”, como diz Kehr, exigiriam de facto um público impressionável de modo a fazer qualquer coisa convincente fora do território soviético.
Mas a mensagem enviada aos telespectadores da U.R.S.S. é inequívoca : vocês não sabem a sorte que têm.
Este artigo foi traduzido do original em inglês por Redação Artes & contextos
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O artigo original The Beautiful, Innovative & Sometimes Dark World of Animated Soviet Propaganda (1925-1984), foi publicado @ Open Culture
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