Madame de Staël retratada como Corinne Artes & contextos Marie Louise Elisabeth Vigée Lebrun

Madame de Staël retratada como Corinne
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15 de Abril, 2021 0 Por Artes & contextos
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Também o tempo torna tudo relativo.

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Madame de Staël

 

A escritora retratada, considerada uma precursora do feminismo, foi imortalizada em 1808 como uma musa clássica pelo pincel de Marie Louise Elisabeth Vigée-Lebrun, uma das grandes retratistas do seu tempo.

Nesta obra, pintada por Marie Louise Elisabeth Vigée-Lebrun em 1808 e agora no Musée d’Art et d’Histoire em Genebra, Madame de Staël é retratada, acompanhada por uma lira e identificável com Erato, uma das nove musas nomeadas por Hesíodo, nascida das nove noites de amor partilhadas por Zeus e pela titã Mnemosine.

Vestida com trajes neoclássicos de cintura alta com decote arredondado, revela os braços, entre os quais segura o instrumento por excelência associado ao amor e à poesia romântica.

De Staël, envolta numa túnica laranja, olha para cima em busca de inspiração, num gesto natural que acentua as maçãs do rosto rosadas, o cabelo encaracolado, e a boca semi-aberta da qual sobressaem alguns dentes, e com a qual a própria parece não se ter identificado.

 

Retrato de madame de Staël como Corinne, por Marie Louise Elisabeth Vigée-Lebrun, 1808, Museo de Arte e Historia de Ginebra.

Retrato de madame de Staël como Corinne, por Marie Louise Elisabeth Vigée-Lebrun, 1808, Museo de Arte e Historia de Ginebra.

 

Após o casamento falhado com o Barão de Staël, Anne-Louise Germaine Necker (nome de nascimento da escritora) teve uma relação afetiva intensa e tempestuosa com o político e pensador Benjamin Constant, que reproduziu no seu romance Corinne ou Itália, publicado um ano antes da execução deste quadro.

Parte livro de viagem, parte romance amoroso, a obra expõe as contradições e preconceitos da sociedade da época e a rejeição que uma mulher com qualidades artísticas e intelectuais tinha de suportar quando não respeitava as normas sociais estabelecidas para o seu sexo.

Assim, Corinne/de Staël é representada como uma intelectual, amante da cultura clássica italiana e da cidade de Roma, o berço da beleza e da arte universal. Por outro lado, Oswald Nelvil/ Benjamin Constant, defensor dos costumes britânicos, oscila co0m sentimento de culpa entre o desejo e a atracção que sente por uma senhora culta, e as convicções sociais que o obrigam a escolher uma esposa submissa, condicionada aos hábitos do lar burguês.

 

Madame de Staël, retratada por François Gérard, hacia 1810, Castillo de Coppe

Madame de Staël, retratada por François Gérard, hacia 1810, Castillo de Coppe

 

Paixões e destino transformam esta obra num drama romântico, bem como num ensaio ilustrado, onde as teorias que defende sobre o papel social da mulher foram consideradas, na altura, como extremamente vanguardistas.

Madame de Staël foi uma mulher excepcional que partilhava preocupações e qualidades com o carácter de Corinne, já que muitos homens a evitavam ou abandonavam por não conseguirem atingir o seu alto nível intelectual.

 

Mulheres retratistas

Em geral, ao longo da Idade Moderna, as pintoras eram proibidas, pelas regras das suas próprias comunidades – e com algumas notáveis exceções tais como Lavinia Fontana ou Artemisia Gentilesch – de se dedicarem à pintura histórica, considerada a mais elevada, tanto do ponto de vista artístico como intelectual.

 

Madame de Staël retratada como Corinne Artes & contextos Self portrait in a Straw Hat by Elisabeth Louise Vigee Lebrun

Autorretrato, pintado por Marie Louise Elisabeth Vigée-Lebrun cerca de 1782, National Gallery de Londres.

 

Como consequência, muitas delas dedicaram-se, para além de outros géneros, ao retrato, no qual se destacaram a holandesa Judith Leyster no século XVII e, no século seguinte, a prussiana Anna Dorothea Lisiewska e a já referida pintora francesa Louise-Élisabeth Vigée-Lebrun, que teve uma reconhecida sucessora no século XX na pintora polaca Tamara de Lempicka, que, através dos seus retratos art deco, representou na perfeição o espírito dos folles années parisienses da década de 1920.

Este artigo foi traduzido do original em espanhol por Redação Artes & contextos

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Jaime Roriz Advogados Artes & contextos