Lautenwerck, o preferido de J.S. Bach
Se quisermos ouvir a música de Johann Sebastian Bach interpretada pelos instrumentos que na realidade existiram nos séculos XVII e XVIII em que o músico viveu, há ensembles especializados apenas nisso.
Mas um reavivamento musical completo não é propriamente simples: ainda que haja por aí violoncelos barrocos, oboés e violas, nem todos os instrumentos que Bach conheceu, em que tocou, e para os quais compôs sobreviveram.
Vejamos por exemplo o Lautenwerck, (Cravo-Alaúde) uma categoria de “instrumentos de tripa que se assemelham ao Cravo e imitam o delicado timbre suave do Alaúde”, conforme o Baroquemusic.org.
Dos artesãos de cravo-alaúde da Alemanha do século XVIII, recordados pela História, destaca-se um nome: Johann Nicolaus Bach.

Primo em segundo grau de Johann Sebastian, “construiu vários tipos de Lautenwerck . O modelo básico assemelhava-se a um pequeno Cravo manual em forma de asa, do tipo vulgar. Tinha apenas uma única escala (com corda de tripa), mas fazia soar um par de cordas afinadas uma oitava afastada no terço inferior do compasso e em uníssono no terço médio, para aproximar tanto quanto possível a sensação dada por um Alaúde. O instrumento não tinha quaisquer cordas de metal”.
Isto dava ao Lautenwerks um som distinto, muito diferente do do Cravo tal como o conhecemos hoje. Pode ouvi-lo – ou melhor, um exemplo reconstruído – reproduzido no vídeo acima, numa breve apresentação de Prelúdio, Fuga, e Allegro de Bach em Mi bemol, BWV 998 pelo especialista em música antiga Dongsok Shin.
“Se ele tivesse dois exemplares, eles não poderiam ser mais diferentes”, diz Shin sobre o compositor e sobre a sua relação com este instrumento, agora pouco conhecido, num recente artigo da NPR . “A tripa tem um tipo diferente de toque. Não é tão brilhante. O Lautenwerck pode despertar certas emoções”. Tal como o som de cada Lautenwerck terá exibido as suas próprias características distintivas no tempo de Bach, o mesmo acontece com cada tentativa de o recriar hoje.

“O pequeno punhado de artesãos que atualmente constroem os Lautenwerks são basicamente musicólogos forenses”, nota o correspondente da NPR Neda Ulaby, “reconstruindo instrumentos baseados na investigação e no som que eles pensam que aqueles produziam”.
Quanto ao único homem que podemos ter a certeza de que os conhecia com a intimidade suficiente para perceber a diferença, ele estaria a fazer 336 anos de idade neste momento.
Este artigo foi traduzido do original em inglês por Redação Artes & contextos
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O artigo original foi publicado @ Open Culture
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