O Grande Gatsby
Se já sonhou fazer um musical d’ “O Grande Gatsby”, ou escrever uma adaptação de ficção científica baseada em Gatsby mas com andróides, temos boas notícias: a partir de 1 de Janeiro de 2021, o romance clássico de F. Scott Fitzgerald entrou finalmente no domínio público. (Leia uma cópia do domínio público norte americano aqui.)
As mentes criativas podem agora fazer o que quiserem com a obra: reimprimi-la ou adaptá-la da forma que quiserem, sem ter de negociar direitos.
Ou, tal como o artista de Minneapolis K. Woodman-Maynard, que a adaptou a um belíssimo romance gráfico, o qual se pode vislumbrar com algumas páginas aqui. Esta versão é toda em aguarelas leves e pastéis, fazendo uma utilização liberal do texto original juntamente com imagens surreais e fantásticas e tornando visuais alguns dos jogos de palavras de Fitzgerald. Com 240 páginas, há aqui muito trabalho e, não é preciso repetir, nenhum romance gráfico substitui o original, é apenas…um riff de jazz a mais.
Mas Woodman-Maynard era apenas um dos muitos à espera que Gatsby entrasse no domínio público, o que, para além da propriedade da Disney, irá acontecer à maioria das obras gravadas e escritas ao longo do tempo. Muitos autores têm estado à espera da oportunidade de rasgar o romance e as suas personagens sem se preocuparem com uma carta de cessação e desistência. Já se pode encontrar The Gay Gatsby de B.A. Baker, uma ficção slash que reinterpreta todo o anseio reprimido no romance original; The Great Gatsby Undead, uma versão zombie; e a prequela Nick de Michael Farris Smith que segue Nick Carraway durante a Primeira Guerra Mundial e ainda do outro lado. E há muito mais para vir.
A lei dos direitos de autor (nos Estados Unidos da América) estipula que qualquer obra entra em domínio público após 95 anos. (Até 1998, eram 75 anos, mas houve acordos entre advogados e congressistas).A partir de 2021, juntamente com O Grande Gatsby, o domínio público ganhou:
- Dalloway de Virginia Woolf
- In Our Time de Ernest Hemingway
- The New Negro de Alain Locke (o primeiro grande compêndio dos escritores do Harlem Renaissance)
- An American Tragedy de Theodore Dreiser (adaptado para o filme A Place in the Sun de 1951)
- The Secret of Chimneys de Agatha Christie
- Arrowsmith de Sinclair Lewis
- Those Barren Leaves de Aldous Huxley
- The Painted Veil de W. Somerset Maugham
Agora, o porblema com o Grande Gatsby é que é por um lado, muito estimado pelos leitores, e por outro, difícil de ser adaptado a outros meios pelos fãs. Já foi adaptado cinco vezes ao ecrã (a versão de 2013 de Baz Luhrmann com Leonardo DiCaprio é a mais recente) e todas elas trataram o mesmo paradoxo central: Fitzgerald dá-nos muito pouco sobre Gatsby.
O autor espera, intencionalmente, que o leitor crie este “grande homem” na sua cabeça, e que ele aí permaneça. O romance é muito sobre a “ideia” de um homem, muito à semelhança da ideia do “Sonho Americano”. Mas o filme tem de ter elenco e Hollywood tem absolutamente de elencar uma estrela como Leonardo DiCaprio ou Robert Redford. Um romance gráfico, no entanto, não tem essas concessões ao mercado.
A versão de Woodman-Maynard nem sequer é o primeiro romance gráfico baseado no livro de Fitzgerald – a Scribner publicou uma versão adaptada por Fred Fordham e ilustrada por Aya Morton no ano passado – e certamente não será o último. Prepare-se para uma década de celebração e crítica dos Loucos Anos 20 enquanto ainda estamos por descobrir o que chamar à nossa era.
Este artigo foi traduzido do original em inglês por Constança Costa Santos
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O artigo original foi publicado em @Open Culture
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