O Theremin

O inventor soviético Léon Theremin mostra o Theremin (1954)
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11 de Agosto, 2020 0 Por Artes & contextos
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Também o tempo torna tudo relativo.

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Theremin, emitir som sem tocar num instrumento

 

Todos conhecemos o som do theremin, aquele bradar estranho que indica mistério, perigo e portento do outro mundo em vários filmes clássicos de ficção científica. Tem a peculiaridade de ser, não apenas o primeiro instrumento eletrónico, mas também o único instrumento na história que emite som sem ter de se tocar em qualquer parte dele.

https://youtu.be/_3H5JbkPXpw

Em vez disso, quem “toca” o theremin faz movimentos com as mãos, como o maestro de um coro invisível, e o aparelho emite som. Pode ver por si mesmo, enquanto o inventor do instrumento, Léon Theremin, demonstra o seu thereminvox, como lhe chamou de início, em 1954.

Em russo, com legendas em inglês, Theremin descreve como o «instrumento que soa como voz cantada» funciona «através da influência de um campo eletromagnético».

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Theremin inventou o instrumento originalmente em 1919 e chamou-o Aetherphone. Ele fez uma demonstração do instrumento a Vladimir Lenin em 1922, e o seu som futurístico e design causaram muito boa impressão no líder comunista. Theremin levou então o instrumento para a Europa (veja a demonstração num noticiário mudo aqui) e para os Estados Unidos em 1927, onde o promoveu no Plaza Hotel e onde a violinista clássica Clara Rockmore, prestes a tornar-se a mais dedicada e propotente tocadora de theremin, o ouviu pela primeira vez.

Apesar de muita gente pensar na invenção do Theremin como uma novidade, Rockmore decidiu que o instrumento iria ser levado a sério. Ela tornou-se aprendiz de Theremin, tornou-se um mestre no instrumento, adaptou e gravou várias composições clássicas, como a “Berceuse” de Tchaikovsky, acima. Mais que qualquer outra pessoa, Rockmore fez o theremin cantar exatemente como o seu inventor pretendia.

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A história da origem do theremin, assim como muitas outras histórias de invenções, envolve um acidente feliz no laboratório. Logo acima, Albert Glinsky, autor da história Theremin: Ether Music and Espionage descreve como Theremin criou inadvertidamente o seu novo instrumento enquanto desenvolvia uma técnica audível para medir a densidade dos gases num laboratório de química.

A primeira iteração do instrumento tinha um pedal, mas o Theremin decidiu sabiamente, diz Glinsky, que “seria muito mais intrigante ter as mãos simplesmente no ar”, manipulando o som aparentemente do nada. Embora não haja cordas ou teclas, nenhum arco ou outro meio físico de alterar o tom do theremin, a sua operação, no entanto, requer treino e precisão como qualquer outro instrumento musical. Se estiver interessado em aprender o básico, veja o tutorial abaixo com a thereminista Lydia Kavina, a tocar um ‘thereamini’ projetado pelo sintetizador pioneiro, Moog.

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Neste dia, Theremin vivia no pico da inovação científica e musical, e desejava ver o seu instrumento integrado no mundo da dança. Enquanto trabalhava com a companhia de ballet American Negro Ballet Company nos anos 30, o inventor apaixonou-se e casou-se com uma jovem bailarina afroamericana chamada Lavinia Williams. Foi consequentemente ostracizado do seu círculo social, e depois, ou abandonou abruptamente os E.U.A. e fugiu para a União Soviética em 1938 ou, o que será mais provável, como alegou Lavinia, foi raptado do seu estúdio e desapareceu.

Qualquer que seja o cenário, Theremin acabou num laboratório num Gulag chamado Sharaska, desenhando aparelhos auditivos para a União Soviética. Depois disso, trabalhou para o KGB e tornou-se professor de física na Universidade Estatal de Moscovo.

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Theremin nunca desistiu dos seus instrumentos eletrónicos, inventando um violoncelo eletrónico e variações do seu theremin durante um período de 10 anos no Conservatório de Música de Moscovo.

Fez a sua demonstração final do theremin no ano da sua morte, 1993, com 97 anos. (Veja-o a tocar acima, em 1987, com a sua terceira mulher, Natalia.)


Este artigo foi traduzido do original em inglês por Carolina Rocha

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O artigo original foi publicado em @Open Culture
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