O Expressionismo Alemão
Em 1913, a Alemanha, inundada pelo zelo patriótico de uma nova nação, parecia poder tornar-se a nação dominante da Europa e uma verdadeira rival daquela superpotência global, a Grã-Bretanha. Após o colapso do Governo alemão, em 1918, devido ao impacto económico e emocional de meia década de carnificina sem sentido, os Aliados impuseram-lhe condições draconianas de rendição. Toda a cultura alemã foi deixada a cambalear, em busca de respostas para o que aconteceu e porquê.
O Expressionismo Alemão surgiu como uma forma de articular estas questões dilacerantes no inconsciente colectivo da nação. O primeiro filme deste género foi The Cabinet of Dr. Caligari (1920), que fala de um malévolo mágico em viagem com o seu criado a quem faz cumprir a sua missão assassina no escuro da noite.
O enredo é todo em volta do terror freudiano do subconsciente oculto, mas o que realmente torna o filme memorável é o seu aspeto completamente perturbador. Marcado por uma representação estilizada, sombras profundas pintadas nas paredes e cenários cheios de impossibilidades arquitectónicas tortuosas – talvez não haja um único ângulo reto no filme – o aspeto de Caligari encaixa-se perfeitamente com um demente estado de espírito do narrador.
Os filmes expressionistas alemães posteriores abandonaram a estética extrema de Caligari, mas continuaram carregados de um clima de violência, frustração e mal-estar. O brilhantemente deprimente The Last Laugh (1924) de F. W. Murnau trata de um porteiro orgulhoso num hotel de luxo que é destituído do seu cargo sem cerimónia e despromovido a humilde assistente de casa de banho. Quando entrega o uniforme, a sua postura desaba como se o casaco fosse o seu exoesqueleto. Não é preciso ser um semiólogo para perceber o paralelismo entre a perda de estatuto do porteiro e a da Alemanha.
M (1931) de Fritz Lang, um marco do início do cinema sonoro, é o primeiro filme sobre assassinos em série alguma vez realizado. Mas o que começa como um procedimento policial normal, torna-se perturbador quando um bando de criminosos nazis decide fazer justiça pelos seus próprios meios.
O Expressionismo alemão chegou ao fim em 1933, quando os nazis chegaram ao poder. Para eles, não interessava fazer perguntas incómodas e encaravam tais narrativas negras de angústia cinematográfica como antipatrióticas.
Em vez disso, preferiam contos animados e alegres de jovens arianos a escalar montanhas. Nessa altura, os mais talentosos realizadores do movimento – Fritz Lang e F.W. Murnau – tinham fugido para a Estados Unidos. E aí que o Expressionismo alemão conheceu o seu maior impacto. A sua forte iluminação, sombras grotescas e uma visão do mundo sombria continuariam a influenciar profundamente o cinema noir no final dos anos 40, depois de outra guerra horrível e decepcionante.
- Nosferatu (Nosferatu, o Vampiro) – Realizado por F. W. Murnau, é uma adaptação não autorizada de Dracula, de Bram Stoker. (1922)
- The Student of Prague (O estudante de Praga) – Um clássico do cinema expressionista alemão. O escritor alemão Hanns Heinz Ewers e o realizador dinamarquês Stellan Rye dão vida a uma história de terror do século XIX. Alguns chamam-lhe o primeiro filme indie. (1913)
- Nerves – Realizado por Robert Reinert, Nerves fala das “disputas políticas do proprietário ultraconservador de uma fábrica, Herr Roloff, e do professor John, que sente um amor compulsivo mas secreto pela irmã de Roloff, uma radical de esquerda”. (1919)
- The Cabinet of Dr. Caligari (O Gabinete do Doutor Caligari) – Este filme mudo realizado por Robert Wiene é considerado um dos mais influentes filmes expressionistas alemães e talvez um dos maiores filmes de terror de todos os tempos. (1920)
- Metropolis – A fábula do bem e do mal de Fritz Lang numa distopia urbana futurista. Um clássico importante. Uma versão alternativa pode ser encontradad aqui. (1927)
- The Golem: How He Came Into the World – A continuação do filme anterior de Paul Wegener, “O Golem”, sobre uma criatura monstruosa trazida à vida por um rabino erudito para proteger os judeus da perseguição na Praga medieval. Baseado no conto popular clássico, e co-realizado por Carl Boese. (1920)
- The Golem: How He Came Into the World – O mesmo filme que o imediatamente anterior, mas este conta com uma banda sonora criada pelo frontman dos Pixies, Black Francis. (2008)
- The Last Laugh (O Último dos Homens) – O drama clássico de F.W. Murnau sobre um porteiro de hotel que atravessa tempos difíceis. Uma obra-prima da era do silêncio, a história é contada quase inteiramente em imagens. (1924)
- Faust (Fausto) – F.W. Murnau dirige uma versão cinematográfica do conto clássico de Goethe. Este foi o último filme alemão de Murnau. (1926)
- Sunrise: A Song of Two Humans (Aurora) – Realizado pelo expressionista alemão F.W. Murnau, foi em 2012 votado o 5º maior filme de todos os tempos. (1927)
- M (Matou) – Um clássico de Fritz Lang, com Peter Lorre, sobre a perseguição a um assassino de crianças em Berlim. (1931)
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Este artigo foi traduzido do original em inglês por Redação Artes & contextos
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