
O Fauvismo e Henri Matisse0 (0)
20 de Fevereiro, 2020
“Copiar os objetos numa natureza morta não é nada. É necessário reproduzir as emoções que eles despertam.” – Henri Matisse
Matisse irrompeu na arte francesa no final do século XIX como líder do grupo fauvista – um grupo de pintores que usavam as cores saídas da bisnaga, sem se preocuparem com a sua correspondência na imagem representada.
Esta surpreendente ruptura com as convenções artísticas da época deixou uma marca indelével e colorida na história da arte. Com uma aplicação de tinta crua e não refinada, foram apelidados como fauvistas, de les fauves ou “as feras”. As ideias de Matisse sobre cor e composição, o seu movimento artístico e as suas filosofias continuam a inspirar os artistas contemporâneos.
Nascido em 1869 numa família de tecelões, e tendo crescido em Bohain-en-Vermandois, no norte de França, Henri Matisse foi fortemente influenciado pelas cores e padrões brilhantes dos têxteis locais. Matisse começou a pintar em 1889, já um pouco tardiamente (começou por estudar com intenções de ser advogado) e só depois da mãe lhe ter comprado material de pintura para se manter ocupado enquanto recuperava de uma apendicite.
Rapidamente esvaziou as suas contas bancárias para adquirir obras de artistas que admirava muito, como Paul Cézanne e Vincent van Gogh. A capacidade que ambos possuíam de construir formas com cores e abordagens pouco ortodoxas inspiraria Matisse ao longo de toda a sua carreira.

Henri Matisse, 1913 (Imagem: Wikipedia)
De forma original, Matisse utilizava composição e cor para comunicar sentimentos em torno de um tema, como Femme a Chapeau (Mulher com chapéu). Na sua pintura, a dinâmica e as cores brilhantes dominam, exprimindo a alegria que sentia ao pintar a figura feminina.

“Femme a Chapeau” 1905, Henri Matisse (Imagem: WikiArt)
A cor e a combinação entre cores estavam no centro de todas as obras fauvistas, moldando a estrutura e o ritmo de cada pintura. Porque as cores eram usadas por estes artistas para transmitir emoção mais do que uma cena específica, os céus podiam ser vermelhos, as árvores podiam ser azuis e um rosto podia ser uma combinação de verdes e púrpura.
O resultado deste choque de cores é, um tema ser representado pela perceção que o artista tem do tema em vez de uma representação comprometida com a aparência física real. As obras de Matisse são tanto uma representação da sua mente quanto do mundo físico. Esta mistura entre a mente, as emoções do artista ou as cores e formas inspiradas no mundo físico, cria uma obra de arte altamente pessoal que atrai o espectador para lá da superfície da tela, para a mente do criador.
Além disso, a composição das obras de Matisse é construída através da colocação da cor, em vez de um desenho de linha subjacente ou um sistema perspetival.

“Baigneurs à rivière” 1952, Henri Matisse (Imagem: WikiArt)
Na sua obsessão pela expressão através da cor e da forma, os fauvistas estavam pouco preocupados com a originalidade dos seus temas. Em contraste, os impressionistas e pós-impressionistas dedicaram-se à representação de cenas da vida moderna e urbana – pintando os cafés, avenidas e salas de espetáculos de Paris. Ao mesmo tempo, os Fauves desenhavam a partir do mundo à sua volta, focando-se em retratos, interiores e paisagens com ênfase no impacto visual da cor na pintura, em vez de uma narrativa ou simbolismo oculto.

“Bleu Nu II,” 1952, Henri Matisse (Imagem: WikiArt)
Por fim, os fauves apenas trabalharam de forma conjunta por um curto período de tempo, com o movimento a perdurar entre 1905-1908 e em apenas três exposições. Mesmo após a dissolução do grupo, as idéias do fauvismo sobre a cor e a subjetividade continuariam a influenciar os movimentos artísticos nas décadas que se seguiriam. Nos anos seguintes, Matisse fez experiências com recortes e colagens simples, e acabou por se retirar totalmente da pintura. Os seus recortes e colagens começaram por ser pequenos, mas gradualmente foram ocupando salas e paredes inteiras, como o La Gerbe instalada no Los Angeles County Museum of Art.
Matisse completou sua execução final em 1951 e os seus recortes foram as últimas obras de arte que realizou.
Os trabalhos de Matisse são em parte geniais, excêntricos e confessionais na medida em que ele pintava as suas percepções pessoais e coloridas das interacções que tinha com o mundo que o rodeava. Através deste processo, reimaginava o mundo à nossa volta, colorindo-o de forma a que o pudéssemos ver novamente, de forma diferente e subjectiva.
O artigo original Fauvism and Henri Matisse foi publicado @ Canvas: A Blog By Saatchi Art
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Este artigo foi traduzido do original em inglês por Redação Artes & contextos
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