
5 Casais Poderosos na História da Arte0 (0)
13 de Fevereiro, 2020
5 Casais de Artistas
Talvez o romance mereça algum crédito por inspirar algumas das obras mais significativas da história da arte: foi durante o muito mitologizado caso entre Auguste Rodin e sua jovem assistente, Camille Claudel, que Rodin criou duas das suas obras de escultura mais famosas (e vibrantes): “O Beijo” (1889) e “O Ídolo Eterno” (1890-93). E sem a relação entre Robert Rauschenberg e Jasper Johns, talvez não tivéssemos a Pop Art como a conhecemos. Do tumultuoso e trágico ao artisticamente fecundo, as histórias por detrás destes cinco poderosos casais da história da arte, atestam o poder do amor, para o bem e para o mal.
Auguste Rodin e Camille Claudel

Esquerda: Auguste Rodin (Imagem: Wikipedia); Direita: Camille Claudel (Imagem: WikiArt)
Antes de Camille Claudel se cruzar com o famoso escultor Auguste Rodin, era já uma talentosa escultora – uma profissão invulgar para as mulheres de Paris do virar do século. Depois de estudar na Académie Colarossi, a única escola de arte em Paris que admitia mulheres na época, Claudel foi apresentada a Rodin que era casado e tinha 24 anos, pelo seu mentor Alfred Boucher. Claudel começou a trabalhar como assistente de Rodin talhando as intrincadas mãos e pés em esculturas reverenciadas como “Os Burgueses de Calais” (1884-1889) – enquanto continuava com seu próprio trabalho figurativo. Embora a fama de Rodin chamasse a atenção para o trabalho de Claudel, os críticos só o interpretaram em termos da influência de Rodin, que parecia ser omnipresente em todos os salões de Paris. Em 1893, procurando distinguir-se como artista independente, Camille terminou o seu relacionamento e começou a realizar esculturas figurativas mais arrojadas e sensuais, sozinha.
Frida Kahlo e Diego Rivera

Esquerda: Frida Kahlo and Diego Rivera, 1932 (Imagem: Wikipedia); Direita: Detail of “Diego and I,” 1949 (Imagem: WikiArt)
Poucos relacionamentos da história da arte são tão infames como os de Frida Kahlo e Diego Rivera – com vinte anos entre eles, os amantes casaram pela primeira vez em 1929, depois divorciaram-se uns dez anos mais tarde, para voltarem a casar novamente no ano seguinte. O seu casamento aberto foi marcado pelo caso de Rivera com a irmã mais nova de Kahlo, assim como pelas relações de Kahlo com Leon Trotsky e Josephine Baker.
Isto não quer dizer que os dois não usassem o amor um pelo outro nas suas mangas – Kahlo, na verdade, usava-o na testa. Em múltiplos auto-retratos, como o “Diego e eu” de 1949, a pintora olha estática para fora da tela com o que parece uma imagem de Rivera estampada na testa, para sempre nos seus pensamentos.
Rivera foi um líder do movimento muralista mexicano, que procurava celebrar a classe trabalhadora mexicana e a sua herança.
Enquanto isso, Kahlo, a primeira mulher americana tardia a ter um quadro no Louvre, ficou famosa pelos auto-retratos surrealistas que retratavam as inúmeras tragédias e dores crónicas que marcaram a sua infância: a poliomielite, um acidente de autocarro que lhe partiu a coluna vertebral e a amputação de uma perna.
Tanto Rivera como Kahlo, ambos obstinados e artisticamente inovadores, encontraram-se um no outro, como Kahlo escreveu uma vez ao marido: “Só uma montanha pode conhecer o núcleo de outra montanha”.
Robert Rauschenberg e Jasper Johns
Comparativamente pouco tem sido dito sobre a relação entre os dois precursores da Arte Pop. Uma exposição em 2013 no Museum of Modern Art intitulada “Johns and Rauschenberg” explorou a parceria e o intercâmbio entre os dois “amigos”, como foram apresentados, contornando qualquer menção à sua relação romântica. Mas as alusões à sua relação e orientação sexual abundam na arte de Rauschenberg, e a sua relação, entre 1954 e 1961, marcou a produção de cada um dos artistas, nos seus mais criticados e historicamente importantes trabalhos.

Vista da “Flag,” 1954-1955, de Jasper Johns (Imagem: Wikimedia)
Johns e Rauschenberg conheceram-se em 1953 no experimental Black Mountain College e começaram a colaborar em exposições de lojas de departamentos. Em 1955, o casal mudou-se para um estúdio partilhado, e Johns pintou a primeira de muitas das suas emblemáticas bandeiras americanas, que desafiaram a autonomia da arte em virtude de constituírem a coisa em si, a bandeira, e uma imagem da bandeira, uma pintura. Da mesma forma, em 1954, Rauschenberg fez a sua primeira “combinação”, um objeto de arte que combinava elementos de pintura e escultura desafiando a pureza de cada meio. Confrontando objetos com a arte e trazendo imagens da cultura pop para as suas obras de arte, Johns e Rauschenberg desmontaram a arte moderna e inauguraram a era da Pop.
E não é claro que eles pudessem ter feito isto um sem o outro. Como Rauschenberg disse sobre o seu relacionamento de seis anos com Johns, “Ele e eu fomos os primeiros críticos sérios um do outro.”

“Canyon,” 1959, de Robert Rauschenberg (Imagem: WikiArt)
Marina Abramovic e Ulay

Esquerda: “AAA-AAA,” 1978, de Marina Abramovic e Ulay (Imagem: WikiArt); Direita: “Rest Energy,” 1980, de Marina Abramovic e Ulay (Imagem: WikiArt)
O adágio “a vida imita a arte” – e vice-versa – não poderia soar mais verdadeiro do que na histórica relação entre Marina Abramovic e Ulay, pioneiros na arte performativa, com peças que esbateram os limites entre arte e vida.
Na arte performativa, o corpo constitui o material principal do artista, e Marina e Ulay tinham como objetivo levar o seu material ao limite. As suas performances muitas vezes implicaram situações reais de sofrimento físico e perigo que desafiaram as suas forças mentais e físicas. Numa das suas primeiras peças, “AAA-AAA” (1978), o casal sentava-se em frente um do outro enquanto gritavam, aumentando constantemente de tom até que um deles desmaiasse.
Não é difícil ler estas performances como analogias da paixão, tensão, conexão física e resistência que uma relação romântica implica – numa das suas peças mais famosas, “Rest Energy” (1980), Marina e Ulay puxavam cada um uma das extremidades de um arco, com Ulay a segurar uma seta apontada ao coração de Marina. O casal colaborou e viveu junto entre 1976 e 1988, quando, numa verdadeira performance-artista, dissolveram oficialmente a sua relação com uma obra de arte final, “Lovers” (1988), na qual cada um deles começou em extremos opostos da Grande Muralha da China, encontrando-se no meio após uma caminhada de 90 dias.
Christo e Jeanne-Claude

Esquerda: Christo e Jeanne-Claude diante de “The Pont Neuf, Wrapped,” 1985 (Imagem: WikiArt); Direita: “Wrapped Reichstag,” 1995 (Imagem: WikiArt)
Em 1958, um jovem Christo fugiu da Europa Oriental estalinista para Paris, onde conheceu Jeanne-Claude. A respeitável Jeanne-Claude já estava noiva, mas isso não a impediu de se apaixonar pelo desistente da escola de arte, que, serendipitadamente, partilhou o seu aniversário, 13 de junho de 1935.
Durante o ano, o casal/colaboradores começou a produzir os seus objetos embrulhados com assinatura, que rapidamente aumentaram em escala e em alcance, até incluirem uma torre e uma fonte embrulhadas em Spoleto, Itália, em 1968, e uma cortina de nylon suspensa sobre uma auto-estrada num vale do Colorado, em 1972.
Um dos seus projetos mais monumentais, “Wrapped Reichstag” (1995), que viu a sede do Parlamento alemão completamente escondida em tecido de polipropileno reciclado, foi concebido pela primeira vez em 1971, no auge da Guerra Fria. Foram necessárias três rejeições da proposta e a queda do Muro de Berlim, para que o seu projecto fosse finalmente realizado. Jeanne-Claude faleceu em 2009, mas Christo continua a produzir obras ambiciosas em locais específicos om a assinatura e ambos.
O artigo original 5 Power Couples from Art History foi publicado @ Canvas: A Blog By Saatchi Art
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Este artigo foi traduzido do original em inglês por Redação Artes & contextos
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