
100 Anos de Bauhaus0 (0)
19 de Dezembro, 2019
Fundada há um século, a icónica escola Bauhaus veio a moldar as abordagens contemporâneas da arte e do design, apesar de ter funcionado durante apenas catorze anos sob intensa oposição e vigilância do Partido Socialista Democrático Nacional. Baseada no ideal alemão de Gesamtkunstwerk, ou A Obra de Arte Total que une as diferentes disciplinas, a escola Bauhaus desenvolveu uma filosofia pedagógica e um vocabulário formal que influenciou uma série de práticas criativas no século passado, da arte performativa ao design de interiores.
Com uma missão igualitária de produzir projetos de qualidade acessíveis a todos os lares e de renunciar à hierarquia social da arte versus artesanato, o arquiteto alemão Walter Gropius fundou a escola de artes radicais em 1919. “Arte na indústria” foi o slogan de inspiração Construtivista adoptado por Gropius para encorajar os alunos a envolverem-se com a tecnologia e fazer projetos compatíveis com a produção em massa. Esse espírito democrático resistiu sob o comando do diretor Hannes Meyer, que priorizou “as necessidades do povo em vez da necessidade de luxo”, um princípio que produziu projetos intemporais, mesmo quando os políticos conservadores cortaram o financiamento da escola.
As disciplinas principais da Bauhaus enfatizavam a teoria da cor, materiais e relações formais, e foram leccionadas por pioneiros da abstracção, como Paul Klee, Wassily Kandinsky, Laszlo Moholy-Nagy e Josef Albers. Esses cursos preliminares de arte prepararam os alunos para cursos ministrados por artesãos nas áreas de metalurgia, tecelagem, tipografia e até mesmo marcenaria, que renderam uma variedade de obras em diversos estilos – desde os móveis arejados de Marcel Breuer e louça escultural de Marianna Brandt a tecelagens experimentais de Anni Albers – tudo orientado pela máxima “a forma segue a função”.
Estes três artistas da Saatchi refletem o legado da Bauhaus, não apenas continuando as investigações formais do movimento sobre abstração geométrica e paletas de cores reduzidas, mas adotando sua confluência de arte e design, e seu compromisso com o artesanato.
Robert von Bangert

Robert von Bangert
Robert von Bangert combina as cores primárias emblemáticas da Bauhaus com formas curvilíneas que saltam espontaneamente de um ponto de referência para outro.
Enquanto que as suas composições energéticas lembram Wassily Kandinsky, a descrição de Paul Klee de linhas dinâmicas “num passeio, em movimento livre, sem um objetivo” capta a leveza das linhas sinuosas que caraterizam as pinturas de Robert. As suas pinturas redutoras – sempre evocativas do design moderno de meados do século XX – foram usadas como cenários em Mad Men, e sete dos seus trabalhos podem ser apreciados no histórico Beverly Hills Hotel.
Paul Bik

Paul Bik
Embora o artista polaco e veterano da indústria da moda Paul Bik se baseie em grande parte na arquitetura pós-moderna italiana, que desafiou a austeridade do modernismo com desenhos lúdicos e inesperados, as suas paletas de cores e composições geométricas restritas são semelhantes ao interesse da Bauhaus na exploração de relacionamentos formais.
Essa exploração é enriquecida pelas limitadas paletas de cores e pela subtil multi-dimensionalidade dos seus trabalhos – Paul monta camadas de cartão, madeira e papel, que são depois fixadas com resina e acabadas com uma camada monocromática de tinta mate ou metálica. As composições tridimensionais resultantes são tão moldadas pela delicada interação entre luz e sombra quanto pela mão do artista.
Alyson Khan

Alyson Khan
No seu livro Interaction of Color de 1963, Josef Albers escrevia: “Na percepção visual, uma cor quase nunca é percebida como verdadeiramente é – como é fisicamente. Este facto faz da cor o meio mais relativo na arte”.
De acordo com o professor da Bauhaus, só se pode compreender uma cor no contexto de outra, uma vez que as cores podem ser empurradas e puxadas umas contra as outras, avançando ou recuando no plano da imagem.
A pintora do Colorado Alyson Khan — que conta entre as suas mais variadas influências com design moderno de meados do século, vitrais e trajes de dança Yorùbá —reduz símbolos a formas básicas e efeitos de cor, que são depois colocados em camadas e sobrepostos em composições densas. Os blocos rítmicos de cor de Alyson parecem reverberar contra a tela, constituindo um alegre jogo com a nossa percepção da cor e a sua capacidade de agir como uma janela para o infinito.
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O artigo original One Hundred Years of Bauhaus foi publicado @ Canvas: A Blog By Saatchi Art
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Este artigo foi traduzido do original em inglês por Redação Artes & contextos
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