Claude Monet, o Impressionista
Serão os títulos, indispensáveis para as pinturas?
As pinturas sem título podem resistir ao teste do tempo?
Claude Monet não se deu ao trabalho de atribuir títulos às suas pinturas; ele considerava-se satisfeito com breves descrições, contentando-se com algo como “vista da aldeia”.
Dança com críticos
Sedentos por clareza, os seus contemporâneos arranharam as suas cabeças na deficiência de títulos de Monet.
Isto frustrou Edmond Renoir, irmão do artista Pierre-Auguste Renoir.
Como se resolve este problema?
Quando Renoir preparava o catálogo para a primeira exposição de vanguarda em 1874, perguntou a Claude Monet o que se deveria chamar à pintura de um nascer do sol.
Monet atirou com sarcasmo: Chama-lhe só uma impressão.
E assim aquela pintura foi registada como Impression, soleil levant. (Impressão sol nascente)
Apesar de alguma irritação, os críticos gozaram com a concisão.
O crítico de arte Louis Leroy escreveu uma crítica devastadora: “Eu disse para comigo que, uma vez que fiquei impressionado, teria que haver ali alguma impressão, e que liberdade, que tranquilidade no barco dos trabalhadores! Um papel de parede no seu estado embrionário está mais acabado do que isto”.
Os contemporâneos de Monet criticaram e gozaram com o seu estilo, acusando-o da falta de pormenores e de ser parecido com pinturas acabadas. Mas o artista era imperturbável.
Monet abraçou o seu impressionismo inerente e a brevidade pungente dos temas da sua arte, pois captou a sua ambição: registar a “impressão” de um instante no tempo.
Prodígio precoce: Do militar ao mestre artista
Filho do dono de uma loja na cidade portuária francesa de Le Havre, Oscar-Claude Monet ocupou sua infância criando caricaturas sofisticadas.
Desafiando as expectativas sociais, abandonou a escola aos dezassete anos de idade, e conseguiu uma vida decente com os seus desenhos, tendo mesmo economizado 2000 francos para investir na carreira artística.
Aos 19 anos, estava em Paris, onde passou dois anos a estudar, antes de ser chamado para o serviço militar.
Apesar de não ter inclinação académica, alistou-se no treino de um regimento de cavalaria de elite na Argélia. Um ano depois, um surto de febre tifóide mandou-o para casa.
Em 1862, Monet estava de volta a Paris, desta vez para a Academia de Charles Gleyre, um homem de métodos de pintura tradicionais, nenhum dos quais conquistou coração de Monet pela ingenuidade.
Então, Monet partiu para encontrar seu próprio ritmo. Dedicou-se a “en plein air” (“pintura ao ar livre”), conduzindo o seu trabalho sob o calor do sol e a brisa fresca da natureza, e procurou desenvolver a sua própria paleta, sem as restrições da convenção instrutiva de Gleyre.
Sendo que em “plein air” tivesse os seus riscos, Monet aprendeu da pior quando um disco perdido o atingiu numa perna perna e o deixou acamado.
As pinturas de Claude Monet carregavam esta personalidade original de reflectir uma observação honesta da natureza.
Enquanto se dedicava aos seus estudos em Paris, Monet encantou modelos femininos apaixonadas pelas suas características atraentes, roupas de bom corte e punhos de renda da moda. Naturalmente, elas “perseguiram-no”.
Infelizmente, o artista tinha gostos diferentes para mulheres.
“Desculpe,” dizia-lhes Monet,
“Só durmo com duquesas ou criadas.
De preferência criadas de duquesas.
Qualquer coisa pelo meio deixa-me de fora”
Sensibilidades sazonais
Imagine palheiros simples numa paisagem pastoral, os palheiros eram musas para Monet.
No outono de 1890, Monet usou os palheiros de um campo local para encapsular um motivo: o “envelope” de luz e atmosfera.
Há palheiros velados por uma luz de inverno pálida, palheiros nebulosos na primavera e palheiros que brilham nos pores do sol do verão. Quando foram exibidas em maio de 1891, as pinturas impressionaram dramaticamente a audiência, arrebatada pela visão de Monet.
Monet transportava várias telas, rabiscando a hora do dia na parte de trás.
Se ele era o imitador – o impressionista – da característica da época, como o miasma do anoitecer e do amanhecer, o brilho da luz do sol no verão, a deterioração das folhas no outono, ou o crescimento exuberante da relva na primavera, então ele tinha que manter o registo do dia.
O resultado foram 25 pinturas acabadas, abrangendo o tempo e a roda das estações e etapas de um dia.
Com cada pincelada, Monet tinha ultrapassado o tempo.
Conclusão: Um Artista da Naturteza
Apaixonado por documentar a íntima paisagem rural francesa, Monet pinta o mesmo cenário ao ar livre muitas vezes para capturar a dança da luz e a passagem efémera das estações do ano.
Numa época anterior ao advento das câmaras, Monet captou a natureza tal como ela lhe surgia no momento, experimentando a alternância entre a luz e a sombra.
Apesar das acusações de reprodução repetitiva de visuais simples, a rotina ajudou Monet a descobrir mais de um ângulo da natureza da luz a brilhar sobre uma mesma imagem.
As pinturas de Claude Monet não necessitam de títulos. Ele deixou a natureza no seu trabalho falar por si mesmo.
Este artigo foi traduzido do original em inglês por Redação Artes & contextos
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O artigo original Claude Monet, The Impressionist Man and An Artist of Nature, foi publicado @ The Artist
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