The 1975
No passado dia 18 de julho, a Herdade do Cabeço da Flauta recebeu, no palco Superbock, The 1975, mas os rapazes de Manchester não convenceram muito a audiência.
A banda de Manchester é um dos grupos mais badalados do momento, muito pelos seus mais recentes hits de foro político-social, numa visão muito direcionada aos jovens milenares.
No seu último trabalho, e num olhar que foca as questões políticas do momento, o clima social e a problemática do clima, continua a linha do seu álbum anterior, que focava também os millennials e as adições.
Visualmente, têm alterado a sua estética ao longo dos anos, e, concomitantemente o estilo musical, tocando o funk, pop e rock, nunca perdendo o seu espírito original. Intrinsecamente ligados a uma corrente artística muito específica, longe de ser mainstream, não são os meninos que passam na rádio, mas têm vindo a lançar as suas cartas, encontrando-se já ao volante de uma geração com voz própria.
Envoltos na maior complexidade, mostraram mais uma vez, que uma banda indie/rock, tal como começaram, pode por de lado a sua guitarra por uns instantes e inserir um pouco de sons mais industriais, EDM e eletrónicos, nunca dispensando a presença da bateria e do baixo, que tanto os caracteriza.
Apesar de, quanto a nós, subvalorizado, por parte da crítica, deixaram, naquele concerto, uma marca de diferença muito interessante, no primeiro magnifico dia de festival. Sem medo de se declararem uma banda rock, incorporaram bailarinas de hip-hop, e elementos visuais que criaram um panorama artístico sublime.
Com fãs entusiastas na fila da frente, é impossível não ouvir ressoar os cânticos, mas a restante crowd manteve-se dividida, apesar das palavras dirigidas ao público por Matty Healy, o front man.
Quinze temas compuseram o setlist do concerto, com os de êxitos mais primordiais, como Sex, Chocolate e Robbers, além das músicas do seu mais recente álbum A Brief Inquirie Into Online Relationships, intermediadas pelas sonantes Love Me e Sound, o magnífico b-side She’s American, e a icónica Somebody Else.
Cumprindo a sua terceira vinda a Portugal, The 1975, o quarteto composto por Matty Healy, George Daniel, Adam Hann e Ross MacDonald, para além de bailarinas de hip-hop, trouxeram ao Meco a famosa box, que os acompanha desde o primeiro EP, Facedown, e que desde o seu álbum de 2016 (I Like It When You Sleep, for You Are So Beautiful yet So Unaware of It), se apresenta das mais diversas cores, respeitando uma paleta de tons rosa, e que oferece, uma dimensão retro.
Apesar de não verem rendidas 30 mil pessoas a seus pés, temos que reconhecer o caráter de genialidade e carisma da sua performance que os levou, apesar de tudo, a serem considerados senhores de uma das mais icónicas atuações de 2019.
The 1975 sabem como pegar em 15 músicas e tornar um festival no seu próprio concerto. Em 2016, souberam arrastar milhares de fãs até Algés, enquanto abriam o Nos Alive, tendo sido um dos concertos mais badalados. No entanto, este ano não conseguiram o mesmo efeito em termos de popularidade, sendo, não obstante, clara a presença de um elemento renovador após 3 anos, e que advém da sua maturidade musical.
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A sua genialidade performática encontra-se na forma como o elemento visual, se compromete com o carisma e com o poderio auditivo.
Aguardemos pelo novo álbum Notes On A Conditional Form em 2020, que contará com a participação da ativista Greta Thunberg e que, pelo que Matty Healy deixou a entender em entrevista à MNE, promete um som diferente e renovado.
Licenciada em História da Arte, apaixonada por arte e fotografia, com o lema: a vida só começa depois de um bom café, e uma pintura de Velázquez.