O Sol também é uma estrela

O Sol também é uma estrela (The Sun is also a star)
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4 de Julho, 2019 0 Por Laura Carvalho Torres
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Também o tempo torna tudo relativo.

Este artigo foi inicialmente publicado há mais de 3 anos - o que em 'tempo Internet' é muito. Pode estar desatualizado e pode ter incongruências estéticas. Se for o caso, aceita as nossas desculpas.

O Sol também é uma estrela (The Sun is also a star) retrata daquelas histórias que só acontecem no ecrã e que pode levar-nos àquela lagrima no canto do olho ou ao suspiro de contentamento e emoção. É um dos filmes mais aguardados no verão de 2019.

A selva de pedra nova iorquina como cenário, dois jovens com vidas completamente opostas e uma amor impossível: parece clichê, mas nem por isso. Surpreendente e cativante, realizado por Ry Russo-Young e inspirado na obra literária homónima de Nicola Yoon, Charles Melton e Yara Shahidi levam-nos numa aventura pela teoria experimental do amor: real, ou apenas um delírio?

O Sol também é uma estrela

O Sol também é uma estrela – Daniel Bae e Natasha Kingsley por Charles Melton e Yara Shahidi

Ambos provenientes de comedy shows e teen dramas (Black-ish, Grown-ish e Riverdale), incorporam Daniel Bae e Natasha Kingsley, respetivamente.

Natasha (Yara Shahidi) é uma jovem jamaicana, residente em Nova Iorque há nove anos, e enfrenta um dos problemas mais atuais que pulverizam os Estados Unidos: a deportação. A sua família não conseguiu obter a cidadania americana, e tem de abandonar o país.

Numa luta incessante para permanecer em casa – assim considera a cidade de Nova Iorque – Natasha, continua a procurar uma solução.

O Sol também é uma estrela

O Sol também é uma estrela – Natasha Kingsley por Yara Shahidi

Daniel (Charles Melton), filho de pais sul-coreanos, tenta ser o filho modelo que eles idealizam. Natasha aspirava ser uma analista de dados, mas a sua grande paixão eram as estrelas, e o universo que nos rodeia; Daniel tinha como missão ser o primeiro da sua família a ingressar na faculdade, e prosseguir medicina, mas o seu sonho derradeiro era ser poeta.

O Sol também é uma estrela

O Sol também é uma estrela – Daniel Bae por Charles Melton

Um dia, é o período temporal que comporta a trama, num quadro repleto de encontros e desencontros, coincidências – numa visão mais pragmática – e destino – num olhar mais poético. Esta é a base da relação de Natasha e Daniel, desde o primeiro minuto: Tasha perspetiva o mundo numa sequência de factos cientificamente comprovados, enquanto Danny é um romântico imparável, crente de que o destino e o amor andam de mãos dadas.

O sol, as estrelas, o universo e a galáxia são palavras chave neste filme. O uso de perspetivas filosóficas, vai intercalando as cenas, abrindo um espectro maior do que apenas uma história de amor.

Um amor jovem, mas consciente, uma paixão fervorosa, não fugaz une ambas as personagens. Mas, ambas nutrem um receio mútuo: desiludir aqueles que mais amam.

Num olhar muito aproximado ao do “Before sunrise” (“Antes de amanhecer”) de 1995, um dia é o tempo que basta para que dois estranhos se conheçam, e se apaixonem.

Um filme que abarca circunstâncias reais, de uma forma não tão direta quanto desejável, mas que permite construir uma história com pés e cabeça, nas ruas multiculturais de Nova Iorque, onde o business center e Roosevelt Island, são palcos desta paixão que se construiu numa fuga à realidade pesada de cada uma das personagens.

O Sol também é uma estrela

O Sol também é uma estrela – Daniel Bae e Natasha Kingsley por Charles Melton e Yara Shahidi

Ambos decidem tomar as rédeas das suas próprias vidas, mas o destino – que neste caso foi falível – não permitiu que os seus caminhos continuassem paralelos durante muito mais tempo. Um momento em que amor e dedicação sofrem um corte abrupto, constitui uma das cenas mais marcantes do filme. Mas, o final não deixa de nos surpreender.

O conceito amor é discutido nas mais diversas vertentes, o amor por algo ou por alguém.

Dois olhares distintos sobre “O” amor, criam o ponto de fuga desta narrativa. Ainda que de forma minimalista, há um certo teor político-social que vale a pena destacar: a preocupação com a diversidade cultural, que tão ameaçada está a ser nos dias que correm.

Vale a pena abrir o coração, sentir o conforto de uma história de amor e, se tiver que ser, deixar que mexa connosco, sem reservas.

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Estreia a 4 de Julho.

Veja O Sol também é uma estrela no IMDB


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Licenciada em História da Arte, apaixonada por arte e fotografia, com o lema: a vida só começa depois de um bom café, e uma pintura de Velázquez.

Jaime Roriz Advogados Artes & contextos