
O novo álbum do guitarrista que já foi dos Telectu teve apresentação em Lisboa num local atípico para um projecto conotado com o jazz: o clube de rock Sabotage. Fomos até lá para perceber como funciona ao vivo a música que vem em disco…
Descemos ao Cais do Sodré no passado dia 31 de Outubro cientes de que íamos ouvir ao vivo a música de um dos trabalhos mais importantes de Vítor Rua. O músico tem discos fundamentais para a história do rock (“Independança”, com os GNR), da música experimental (“Belzebu” ou “À Lagárdère”, com os Telectu) e da música contemporânea (“Works”); agora ouvimos-lhe um dos melhores discos de jazz editados este ano (ver crítica a “Do Androids Dream of Electric Guitars?”) por uma das melhores editoras de jazz mundiais. Por isso era importante ouvir esta música no palco, para perceber como é que soa fora do rigor do estúdio.
Não sei se por conveniência, necessidade ou afirmação, a apesentação do novo disco ocorreu no bar Sabotage, no Cais do Sodré. Para quem ainda não foi a este bar, a jazz.pt assume-se como “tripadviser”: é um local garantido para rock do mais alto nível, com um som excelente e um ambiente intimista em que os músicos ficam em cima do público. E assim, sem preconceitos, um disco de jazz foi lançado na meca lisboeta do rock. O Sabotage não encheu, mas esteve com muito público presente, tendo em conta que era noite de fartura (tocava também o Peter Evans Ensemble no Maria Matos).
Rua imprimiu um estado de espírito feliz à noite, apresentando cada uma das músicas e explicando as ideias e os títulos. A banda esteve bem e cumpriu com a música escrita. Ao vivo, a música é mais fluída e menos agrupada do que no disco, e apesar de os temas terem sido tocados com rigor pareceram ter mais espaço para a improvisação. Ficou também cientificamente provado que esta música nova que o guitarrista está a desenvolver funciona muito bem em concerto, com espaço e tempo para se abrir, menos rígida mas mesmo assim muito estruturada. Rua é cada vez mais um “showmen”, interagindo com a assistência com humor e boa disposição.
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O público aplaudiu entusiasticamente dois “encores” improvisados que foram estruturados a partir de sons de telemóvel. Está oficialmente “lançado” um dos CDs mais interessantes do ano. A bola está do vosso lado.
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