A história é boa e está bem contada. Os principais papeis atribuídos a Charlize Theron, no papel de Furiosa e Tom Hardy como Mad Max, foram bem entregues, mas Mad Max – Estrada da Fúria é muito mais do que isso. Trata-se de um espetáculo visual e sonoro incomparável, esteticamente quase perfeito, com ritmo e movimento alucinantes ao som de death-metal (em cena) com notáveis “intervalos” sinfónicos.
Num ambiente pós apocalíptico Mad Max (o de sempre, mas que não é Mel Gibson), introvertido e independente (e bélico), agora perseguido pelos fantasmas do seu passado, – a morte da sua família – consegue juntar-se à Imperatriz Furiosa, em fuga da Cidadela, uma formação rochosa habitada por uma sociedade tribal, em cujo palácio reina o tirano Imperador Immortan Joe (Hugh Keays-Byrne).
Furiosa fugira para o deserto na sua gigantesca Máquina de Guerra, onde transportava algo de valor inestimável roubado ao Imperador, que mantinha no seu palácio na rocha um grupo de mulheres obesas “produtoras” de leite materno e um harém de belíssimas jovens como reprodutoras.
Enquanto na base das montanhas a população vive miseravelmente à mercê dos seus racionamentos, a começar pela água, o tirano tem a seu cargo um exército de jovens carecas de pele pintada de branco, olhares demenciais e quase autómatos, os Rapazes da Guerra. O único objetivo destes é servi-lo e morrer gloriosamente na Estrada da Fúria ao que correspondem animalescamente na perseguição à Imperatriz e à sua preciosa “carga”. Mad Max só porque é o Mad Max assume a defesa desta, também disposto a tudo.
Ajuda-nos a manter viva e disponível a todos esta biblioteca.

Aos Rapazes da Guerra, vão-se juntando na perseguição ao longo das abandonadas e mortas Wasteland, outros bandos de proscritos, que tentam por todos os meios impedir a Imperatriz de levar a sua carga para a terra da sua origem nas Terras Verdes.
O filme narra, quase sem paragens para respirar, a história desta perseguição implacável e brutal, mas se este filme vai ficar na História, não será só pela história. Com trabalho de câmara fantástico, efeitos especiais à altura, e com o que no início ficou dito, George Miller demonstra que uma sequela pode ser muito mais do que um mero “fazer render o peixe” e dá-nos um filme que glorifica e reafirma o culto Mad Max.
Jornalista, Diretor. Licenciado em Estudos Artísticos. Escreve poesia e conto, pinta com quase tudo e divaga sobre as artes. É um diletante irrecuperável.
