Que estranho chamar-se Frederico

Que estranho chamar-se Federico
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6 de Abril, 2015 0 Por Rui Freitas
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Com o verso “Que estranho que me chame Federico!”, (¡qué raro que me llame Federico!) Gracia Lorca, o Federico, termina o poema De otro modo, e terá sido esta a inspiração de Ettore Scola para o título do seu filme biográfico e de homenagem ao amigo Federico Fellini. Que estranho chamar-se Frederico

Leitor de Carl Jung deixou-nos uma obra de observação social, ainda assim plena de poesia, imaginação, sonho e introspeção, muitas vezes com apelo a um visual marcadamente Barroco. Imagens e memórias de infância e do seu crescimento fazem frequentemente parte das suas obras. Fellini e Scola conheceram-se em 1947 e a amizade que os uniu assim os manteve até à morte de Fellini em 1993. Este filme realizado em 2013, 20 anos após a morte de Fellini, passeia-se pela vida e obra do realizador italiano num misto de documentário dramatizado e ficção montada em colagens. Ao longo do filme assistimos a factos conhecidos em sequência com outros possíveis ou ficcionados revisitados “pelos dois” em lugares reconhecidos, também pelos seus filmes, mostrando-nos a amizade e o crescimento pessoal e profissional de ambos. A vida de Fellini como a de tantos criadores mistura-se e até se confunde com a sua obra, que Scola a seu modo aqui também demonstra. Preenchida por personagens, ambientes e cenas bizarras, “Fellinescas”, Scola, que teve na elaboração do argumento a colaboração das suas filhas Paola e Sílvia, desenvolve uma narrativa plena de analogias e referências, entrecruzando o Fellini que nos mostra e desvenda, com ele próprio e a sua imagética em modos diferentes de abordagem técnica, (até pela diferença temporal) e perceção estética, – mostrando-nos a de Fellini pela sua, – num todo consistente.


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Jornalista, Diretor. Licenciado em Estudos Artísticos. Escreve poesia e conto, pinta com quase tudo e divaga sobre as artes. É um diletante irrecuperável.

Jaime Roriz Advogados Artes & contextos